Atletas aguardam a 99ª edição da São Silvestre treinando



Coordenador de Educação Física da Estácio, Rafael Braga, diz que a corrida é uma das atividades mais completas para o corpo humano

Todos os anos, segundo informações da Organização Mundial de Saúde, mais de 3 milhões de pessoas no mundo morrem por doenças que poderiam ser prevenidas com a prática regular de atividade física. O sedentarismo é considerado o quarto mais importante fator de risco de morte no mundo. Nos últimos anos, muitos brasileiros, de olho na prevenção, têm se interessado na atividade, principalmente em corridas de rua. Dados da Tickets Sports, maior plataforma de venda de inscrições para eventos esportivos no Brasil, mostram que em 2022 foram realizadas 1.181 corridas em todo o país. Em 2023, o número saltou para 1.421, representando uma alta de 20%. Dados locais, como a tradicional Maratona de Curitiba, realizada este ano, no dia 17 de novembro, teve mais de 13 mil atletas inscritos de todos os estados do país. A competição deste ano foi considerada a maior edição da história do evento, que acontece desde 1997. Muitos desses atletas se preparam agora para participar, no dia 31 de dezembro, da 99ª edição tradicional e famosa Corrida Internacional de São Silvestre, que reúne atletas de elite e amadores de todo o mundo.

Entre os atletas amadores que se inscreveram para a São Silvestre está a curitibana e engenheira agrônoma Cintia Maria Ribeiro Secco. “Estarei na Avenida Paulista em meio a 37.500 corredores. Essa prova não pode ser explicada, deve ser sentida. É uma corrida diferente de todas as realizadas durante o ano, é uma festa, uma celebração, e representa o encerramento de um ciclo de muitas conquistas", diz Cintia, que após participar da Maratona de Curitiba, agora treina para a São Silvestre. Este é o segundo ano que Cintia se inscreve para a competição, sendo que a última vez foi o ano passado. “Pretendo continuar participando da São Silvestre muitas e muitas vezes”. 

Cintia participa de diversas competições ao longo do ano, incluindo maratonas e provas de trail run e destaca a emoção de eventos como a São Silvestre. Para ela, os treinos, realizados principalmente nos parques tranquilos de Curitiba, são momentos de reflexão e descanso. "Correr ao ar livre, em meio à natureza, me proporciona um verdadeiro bem-estar. Isso me ajuda a ter mais disposição e alegria para enfrentar o restante do dia", afirma. 

Segundo Rafael Braga, coordenador do curso de Educação Física da Estácio, a corrida é uma das atividades mais completas para o corpo humano, proporcionando benefícios diretos à saúde física e emocional. "Correr regularmente reduz os níveis de cortisol, hormônio do estresse, e estimula a liberação de endorfina, o 'hormônio da felicidade'. Isso resulta em melhorias significativas no humor e na redução dos sintomas de ansiedade", explica Braga. Ele destaca ainda que o movimento repetitivo da corrida, aliado ao foco na respiração, cria uma espécie de "meditação ativa", um momento que ajuda a clarear a mente e promover o relaxamento.

A prática regular de corrida, além de melhorar o condicionamento físico, também contribui para um bem-estar geral, tanto físico quanto emocional. "É um dos melhores métodos para promover a saúde mental e combater o estresse, sendo um exercício eficaz para quem busca uma vida equilibrada", complementa Braga. Outro benefício da corrida que tem ganhado destaque é a possibilidade de se socializar e criar laços de amizade com pessoas que compartilham os mesmos interesses pela saúde e bem-estar. Segundo o especialista, "participar de grupos de corrida promove o senso de comunidade e facilita a interação entre pessoas, fortalecendo vínculos sociais e aumentando a motivação. Isso ajuda a combater o isolamento e torna os treinos mais prazerosos".

Engajamento social

O engajamento social também é um dos aspectos que tornam a corrida ainda mais especial. Cintia conta que começou a correr em 2018 com o objetivo de emagrecer, mas encontrou na corrida muito mais do que benefícios físicos. "A corrida me trouxe equilíbrio psicológico, me ajuda a lidar com o estresse do meu trabalho e a manter a saúde mental", conta Cintia. Além disso, ela se envolveu com a Radar DV, um grupo de voluntários que trabalha na inclusão de pessoas com deficiência visual no esporte, atuando como atleta guia. "Entendi como a corrida pode ser uma ferramenta de inclusão e convívio social, além de ser um meio de fazer amizades com pessoas que compartilham objetivos semelhantes aos meus", diz.

A engenheira agrônoma também compartilha sua experiência sobre como adaptar os treinos à rotina. "Tenho uma agenda apertada, mas consigo treinar duas vezes durante a semana e realizar treinos mais longos nos finais de semana, sempre com o acompanhamento de uma treinadora", explica. Ela ressalta a importância de manter a consistência nos treinos e adotar um plano de treinamento que leve em consideração o tempo disponível e os objetivos individuais.

Para quem deseja começar na corrida, Rafael Braga recomenda iniciar de forma gradual, respeitando os próprios limites. "É importante procurar grupos de corrida locais ou usar aplicativos especializados para acompanhar a evolução dos treinos", sugere. Ele ainda afirma que o apoio social em atividades físicas, como as corridas em grupo, é fundamental para manter a motivação e alcançar os resultados desejados. "Participar de treinos coletivos ou de eventos é uma ótima forma de se conectar com outras pessoas e receber apoio ao longo da jornada", completa.

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